sábado, 21 de setembro de 2013

Este Amor Infinito e Imaculado....




Querida, o teu viver era um letargo, 
Nenhuma aspiração te atormentava; 
Afeita já do jugo ao duro cargo, 
Teu peito nem sequer desafogava. 
Fui eu que te apontei um mundo largo 
De novas sensações; teu peito ansiava 
Ouvindo-me contar entre caricias, 
Do livre e ardente amor tantas delicias! 

Não te mentia, não. Sentiste-o, filha, 
Esse amor infinito e imaculado, 
Estrela maga que incessante brilha 
Da alma pura ao casto amor sagrado; 
Afecto nobre que jamais partilha 
O coracão de vícios ulcerado. 
Não sentes, nem recordas, já sequer? 
Quem deste amor te despenhou, mulher ? 

Eu não! Se muitos crimes me desluzem, 
Se pôde transviar-me o seu encanto, 
Ao menos uma só não me recusem, 
Uma virtude só: amar-te tanto! 
Embora injúrias contra mim se cruzem, 
Cuspindo insultos neste amor tão santo, 
Diz tu quem fui, quem sou, e se é verdade 
O opróbrio aviltador da sociedade. 

Camilo Castelo Branco, in 'Poema dedicado a Ana Plácido (1857)'

5 comentários:

  1. Grande Camilo.
    Não me lembro de ter lido este poema, mas gostei de o encontrar.
    Betinha, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Obrigada Nilson
    Tenho obras Camilo,Eça,Fernando Pessoa V.Hugo etc...
    Ele era um poeta/escritor romântico e trágico,como foi no Amor de Perdição.
    Bom f de semana meu amigo
    beijo

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  4. Tenho andado ausente infelizmente
    mais de alguma forma lutando.
    Eu sei , que no mundo teremos grandes aflições
    com fé e muita garra vou seguindo com grande luta
    minha viagem.
    Deus abençoe seu Domingo
    e da sua família.
    Beijos no coração , Evanir.

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  5. Obgda Evanir
    Fiquei de aí passar e passei,mas é tanta confusão k nao me ententi.
    Passarei mais tarde
    bjinhos amiga

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