quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

CARTAS DE AMOR!!!







Cartas de amor
Fernando Pessoa,

Todas as cartas de amor são ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras, ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente ridículas.)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Dizer adeus



Dizer adeus

Dizer adeus
é inquietude, alívio, ou até desprendimento.
Ou tudo junto.
Mulher de olhar no chão,
alma apertada
que se espalma nas pedras da calçada.
Criança que se alheia,
sem travessuras,
atravessada pela sua ingenuidade.

Dizer adeus,
é coisa estranha
que se entranha em pensamento inquebrantável,
ponte que se quebra
com gente a atravessá-la
de mãos erguidas
para impedir que a vida sangre para o fundo.

Por isso,
não digo adeus a nada,
nem sequer às flores por almas secas dobradas.
Inquietado, aliviado, desprendido,
ou tudo junto,
só direi adeus à vida.

Poema: Nilson Barcelli
















sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

SAUDADE.



SAUDADE

Abstrata, é a palavra saudade,
que nos confunde e dói
na dor que nos aperta,
que me destrói
entre o nostálgico de outrora
e a tristeza de hoje.
Fui tão feliz, tão acarinhada,
mas hoje sou um farrapo
na berma da estrada abandonado.
Tenho amigos, estão longe
e, se falo com eles, acabamos a chorar.
A sonhar, já não tenho direito,
resta-me somente chorar.
As lágrimas, são uma revolta,
são o meu espelho da vida.
Queria estar num deserto
onde ninguém me pudesse escutar,
e o silêncio fosse a voz
que, sem saudade, me viesse libertar.


-Betinha Correia--