sábado, 25 de março de 2017

ESTOU TRISTE


 Estou triste,
Porque certas pessoas insistem,
em nos magoar,
Com palavras rudes, palavras que dói.

Hoje foi assim,
Você foi rude, me magoou,
Não mereci isso, mas veio
Como uma avalanche,

Sou romântica,
Você sabe disso, gosto de carinho,
Gosto de aconchego
Porque é isso que dou a você,

Me entrego toda,
A você dou minha atenção,
Meu amor, meu carinho,
Gostaria de receber isso também de você,
Mereço mais sua atenção


A.D.

((AO LER ESTE POEMA, DEDICO A TODAS AS MULHERES
DE ONTEM,HOJE E AMANHA
QUE SÃO MORTAS PELOS SEUS COMPANHEIROS))

ESTOU TRISTE.

segunda-feira, 20 de março de 2017

MEU PAI!!!




Ter um Pai! É ter na vida
Uma luz por entre escolhos;
É ter dois olhos no mundo
Que vêem pelos nossos olhos!

Ter um Pai! Um coração
Que apenas amor encerra,
É ver Deus, no mundo vil,
É ter os céus cá na terra!

Ter um Pai! Nunca se perde
Aquela santa afeição,
Sempre a mesma, quer o filho
Seja um santo ou um ladrão;

Talvez maior, sendo infame
O filho que é desprezado
Pelo mundo; pois um Pai
Perdoa ao mais desgraçado!

Ter um Pai! Um santo orgulho
Pró coração que lhe quer
Um orgulho que não cabe
Num coração de mulher!

Embora ele seja imenso
Vogando pelo ideal,
O coração que me deste
Ó Pai bondoso é leal!

Ter um Pai! Doce poema
Dum sonho bendito e santo
Nestas letras pequeninas,
Astros dum céu todo encanto!

Ter um Pai! Os órfãozinhos
Não conhecem este amor!
Por mo fazer conhecer,
Bendito seja o Senhor!”

Florbela Espanca in Poesia 1918-1930
Lisboa: Dom Quixote, 1992]

sábado, 18 de março de 2017

JÁ PASSEI FRONTEIRAS



Já passei fronteiras
que doeram demais
para além do limiar
e do sentir

Fui cigana
de sinas consentidas
e
vi morrer o Sol
em muitas vidas

Hoje
sou a senhora do Mar
onde o verso
por vezes vira reverso
Sou a senhora de mim
A minha escrava
e também Raínha

Me conquistei
à custa da dor
e o meu reino
também foi de Amor.

LuizaCaetano
 

sábado, 11 de março de 2017

DA VERDADE DO AMOR...


Da verdade do amor

Da verdade do amor se meditam 
relatos de viagens confissões 
e sempre excede a vida 
esse segredo que tanto desdém 
guarda de ser dito 

pouco importa em quantas derrotas 
te lançou 
as dores os naufrágios escondidos 
com eles aprendeste a navegação 
dos oceanos gelados 

não se deve explicar demasiado cedo 
atrás das coisas 
o seu brilho cresce 
sem rumor 

José Tolentino Mendonça, in "Baldios" 

quarta-feira, 8 de março de 2017

TRANSPARÊNCIAS


((PARA TODA A MULHER DO PLANETA))

Transparências

É por dentro da carne
que a dor recrudesce

Na alucinação da espera
o grito reverbera
nas entranhas da pele
mutilando espaços secretos
onde a mão amada não oferece abrigo
nem o corpo desejado reconhece o tato

No limiar do tempo que se evola
não há nenhum limite

Toda dor é cega e incolor
quando transcende
o manto diáfano da pele
.
.
© Sonie Marie
(ao abrigo do código do direito de autor
 —

sexta-feira, 3 de março de 2017

BALADA DA NEVE!!!!

SRª DO DESTERRO
FOTO DE:ANTONIO CORREIA

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.

AUGUSTO GIL (1873-1929)