POEMA DE ABRIL
por Manuel Branco a Sexta-feira, 22 de Abril de 2011 às 15:07 ·
POEMA DE ABRIL
Trouxemos de noite a chama
guardada numa algibeira
e com a força de quem ama
mas amor p´rá vida inteira
ficámos,ciosos dela
resguardando-a da poeira
e fechámos a janela
calafetámos paredes
ficámos de sentinela
e quando estenderam as redes
e levantaram o muro
fizemos um barco à vela
rumo directo ao futuro
mas porque havia a certeza
dum amanhecer tão certo
nós pensámos na floresta
e não nas árvores mais perto
lutámos contra a funesta
ideia de partir tudo
revolução será festa
não é um golpe de judo
é antes um combinar
a força transformadora
dum motor a trabalhar
com a energia motora
do vento da nossa idade
que vem do fundo de nós
e sempre foi a verdade
dos homens que não estão sós
e quando o dia afinal
amanheceu tão clarinho
que as ruas de Portugal
cheiravam a novo vinho
saímos à praça e fomos
vestidos de força e linho
festejar povo que somos
tirar da garganta o espinho
Portugal não quis ter amos
quer escolher o seu caminho
e sabendo que este amor
ainda havia de dar fruto
nós escolhemos a cor
e retirámos o luto
e sabendo que esta flor
não ficava no canteiro
fomos o cravo maior
e avançámos primeiro
e rebuscámos no vento
aquilo que se não diz
sobre o destino cinzento
que descolorava a matriz
desta árvore de fermento
da copa alta à raiz
mais que alimento cimento
da vida do meu país
e com as mangas arregaçadas
na aldeia e nesta cidade
com as gentes empenhadas
por dentro da liberdade
e com as velas desfraldadas
dum destino a todo o pano
ficou para trás ,é verdade
o velho caminho hostil :
todos os dias do ano
continuaremos ABRIL .
ABRIL...SEMPRE!
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