quinta-feira, 21 de agosto de 2014

VÊM...


Miguel Torga*
Vem!
Adormece encostada a este braço
Mais débil do que o teu.
Entrega-te despida
Nas mãos de um homem solitário
Que a maldição não deixa
Que possa nem sequer lutar por ti.
Vem,
Sem que eu te chame, ou te prometa a vida.
E sente que ninguém,
No descampado deste mundo, tem
A alma mais guardada e protegida
(*) In "Poesia Completa"
Painting by Andrius Kovelinas


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