quarta-feira, 30 de maio de 2012

Se todo o ser ao vento abandonamos...

Imagem de:S. M.Pompi

(Sophia de Mello Breyner Andresen)




Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.

Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem.
No interior das coisas canto nua.

Aqui livre sou eu — eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.

Não pelo meu ser que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos atos que vivi,

Mas por tudo de quanto ressoei
E em cujo amor de amor me eternizei.

4 comentários:

  1. Grata pela visita...voltarei cá com mais calma para apreciá-la.

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  2. Oláaaa,boa noite!
    Certamente ,esperarei com o maior gosto.
    Muito obrigada pela visita.
    Um b.f.semana

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  3. maravilhoso !!!!!!!! estou adorando o blog!

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  4. Muito obrigada Amigo Paulo.
    È um prazer enorme em o ter no meu cantinho.
    Vou ver se acerto no seu espaço,ok?..rsrs
    bjinhos

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