quinta-feira, 31 de maio de 2012
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Se todo o ser ao vento abandonamos...
![]() | ||
Imagem de:S. M.Pompi |
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.
Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem.
No interior das coisas canto nua.
Aqui livre sou eu — eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.
Não pelo meu ser que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos atos que vivi,
Mas por tudo de quanto ressoei
E em cujo amor de amor me eternizei.
Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.
Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem.
No interior das coisas canto nua.
Aqui livre sou eu — eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.
Não pelo meu ser que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos atos que vivi,
Mas por tudo de quanto ressoei
E em cujo amor de amor me eternizei.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
"Se passo os meus dedos nos teus lábios
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Imagem da Net |
Se passo os meus dedos nos teus lábios,
num arroubo de tempo
sem espaço
[palpável, de batom],
é roubada a percepção de te pensares serena
e eu vejo em ti uma gazela aguerrida.
Se vejo o teu silêncio,
fico envolto de cegueira e definha
[no teu olhar]
o pensamento que vejo
de te cuidares minha,
ceifando o desígnio da ponte suspensa
em pilares de nós feitos.
Se vestes de afastamento
os horizontes de todas as variáveis do teu corpo,
sinto as margens da alma tão longe, e há
[no dever do andar em frente]
um grito
surdo
como queda vertiginosa num poço sem fundo.
Por isso,
mesmo que subas e desças o rio
num barco onde eu não caiba,
andarei perto
[pela estrada que o segue]
e o ver-te feliz
será uma brisa tua
inserta de ventura no meu peito, como
quando passo os meus dedos nos teus lábios.
Poema: Nilson Barcelli
num arroubo de tempo
sem espaço
[palpável, de batom],
é roubada a percepção de te pensares serena
e eu vejo em ti uma gazela aguerrida.
Se vejo o teu silêncio,
fico envolto de cegueira e definha
[no teu olhar]
o pensamento que vejo
de te cuidares minha,
ceifando o desígnio da ponte suspensa
em pilares de nós feitos.
Se vestes de afastamento
os horizontes de todas as variáveis do teu corpo,
sinto as margens da alma tão longe, e há
[no dever do andar em frente]
um grito
surdo
como queda vertiginosa num poço sem fundo.
Por isso,
mesmo que subas e desças o rio
num barco onde eu não caiba,
andarei perto
[pela estrada que o segue]
e o ver-te feliz
será uma brisa tua
inserta de ventura no meu peito, como
quando passo os meus dedos nos teus lábios.
Poema: Nilson Barcelli
domingo, 27 de maio de 2012
sábado, 26 de maio de 2012
"in DO CORPO CONTÍGUO"
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Imagem: Criação de @António Gil |
por mais que no texto esteja ainda o enfoque
física é a corrente que com o corpo estabelece
não há silêncio que a ele não regresse
nem palavra que não acuse o toque
do coração, dos orgãos e da sanguínea
torrente que nocturna desemboca
na memória (onde a escrita ainda a toca)
a língua afiada, tensa, rectilínea
entre duas margens querendo ser ponte
entre passados presentes (e outros futuros)
corre selvagem, tropeça, destrói muros
agarra-se à linha do horizonte
para não cair, ponto em fuga permanente
lugar onde, em feixe, convergem três idades
um número quase indefinível de cidades
(e esta pele ainda mal assente.)
DE: Um amigo.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
SIÊNCIO!
quarta-feira, 23 de maio de 2012
EU SOU ESSA PESSOA!!
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Imagem da NET. |
Eu sou essa pessoa a quem o vento chama,
a que não se recusa a esse final convite,
em máquinas de adeus, sem tentação de volta.
Todo horizonte é um vasto sopro de incerteza:
Eu sou essa pessoa a quem o vento leva:
já de horizontes libertada, mas sozinha.
Se a Beleza sonhada é maior que a vivente,
dizei-me: não quereis ou não sabeis ser sonho?
Eu sou essa pessoa a quem o vento rasga.
Pelos mundos do vento em meus cílios guardadas
vão as medidas que separam os abraços.
Eu sou essa pessoa a quem o vento ensina:
- Agora és livre, se ainda recordas
CECÍLIA MEIRELES
terça-feira, 22 de maio de 2012
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Sonnie M.Pompi |
Mulher -
"Para entender uma mulher
é preciso mais que deitar-se com ela
Há de se ter mais sonhos e cartas na mesa
que se possa prever nossa vã pretensão
Para possuir uma mulher
é preciso mais do que fazê-la sentir-se em êxtase
numa cama, em uma seda, com toda viril possibilidade
Há de se conseguir
fazê-la sorrir antes do próximo encontro
Para conhecer uma mulher, mais que em seu orgasmo, tem de ser mais que
amante perfeito
Há de se ter o jeito certo ao sair, e
fazer da saudade e das lembranças, todo sorriso
- O potente, o amante, o homem viril, são homens bons… bons homens de
abraços e passos firmes
bons homens pra se contar histórias… Há, porém, o homem certo, de todo
instante: O de depois!
Para conquistar uma mulher,
mais que ser este amante, há de se querer o amanhã,
e depois do amor um silêncio de cumplicidade
e mostrar que o que se quis é menor do que o que não se deve perder.
É esperar amanhecer, e nem lembrar do relógio ou café… Há que ser mulher,
por um triz e, então, ser feliz!
Para amar uma mulher, mais que entendê-la,
mais que conhecê-la, mais que possuí-la,
é preciso honrar a obra de Deus, e merecer um sorriso escondido, e também
ser possuído e, ainda assim, também ser viril
Para amar uma mulher, mais que tentar conquistá-la,
há de ser conquistado, todo tomado e, com um pouco de sorte, também ser
amado!"
Carlos Drummond de Andrade
domingo, 20 de maio de 2012
sexta-feira, 18 de maio de 2012
quarta-feira, 16 de maio de 2012
NUM SEGUNDO,SOMOS UM "FARRAPO"!!
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Imagem minha |
TIVE UM AMIGO QUE HÁ DIAS, DISSE NO BLOGUE DELE,E MUITO BEM,COMO ALIÁS, SEMPRE O FAZ EM TUDO:
QUE ME PERDOE,POR CITAR A SUA FRASE;
"POR VEZES OS AMIGOS VÃO-SE EM SEGUNDOS..."
EU ACRESCENTO;
"NUM SEGUNDO SOMOS UM FARRAPO HUMANO"
NÃO SEI SE VOLTAREI E COMO VOLTAREI!
AGRADEÇO AOS PRESENTES E AOS AUSENTES,O TEMPO DISPONÍVEL QUE PASSARAM A LER OS "DESABAFOS"
SE EFECTIVAMENTE PARTIR,IREI PARA O "MEU MAR."
ESTA ROSA É DE TODOS VÓS.
MUITO OBRIGADA.
BETINHA CORREIA.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
domingo, 13 de maio de 2012
sábado, 12 de maio de 2012
quinta-feira, 10 de maio de 2012
L.O.R.I.G.A... NA...SERRA DA ESTRÊLA!
PS.
SOU UMA SERRANA DE GEMA,TAL COMO SÃO OS HABITANTES DESTA LINDA PRAIA FLUVIAL QUE SE ENCONTRA A VOTOS NAS SETE MARAVILHAS COM A CATEGORIA DE PRAIAS DE RIO.
L.O.R.I.G.A.
PELAS MARAVILHOSAS AMIZADES DA MINHA JUVENTUDE E MUITAS AINDA SE ENCONTRAM JUNTO DE MIM,PARTILHO NO MEU BLOGUE E FAÇO UM APÊLO AO VOTO.
PARABÉNS A ESTA GENTE LUTADORA QUE MOSTRA AO MUNDO,AS BELEZAS QUE HÁ NO INTERIOR DE PORTUGAL,NOMEADAMENTE, TODA A ZONA QUE CIRCUNDA A SERRA DA ESTRÊLA!
UM BOM FIM DE SEMANA
Et si tu n'existais pas - Joe Dassin
Et si tu n'existais pas,
Dis-moi pourquoi j'existerais.
Pour traîner dans un monde sans toi,
Sans espoir et sans regrets.
Et si tu n'existais pas,
J'essaierais d'inventer l'amour,
Comme un peintre qui voit sous ses doigts
Naître les couleurs du jour.
Et qui n'en revient pas.
Et si tu n'existais pas,
Dis-moi pour qui j'existerais.
Des passantes endormies dans mes bras
Que je n'aimerais jamais.
Et si tu n'existais pas,
Je ne serais qu'un point de plus
Dans ce monde qui vient et qui va,
Je me sentirais perdu,
J'aurais besoin de toi.
Et si tu n'existais pas,
Dis-moi comment j'existerais.
Je pourrais faire semblant d'être moi,
Mais je ne serais pas vrai.
Et si tu n'existais pas,
Je crois que je l'aurais trouvé,
Le secret de la vie, le pourquoi,
Simplement pour te créer
Et pour te regarder.
quarta-feira, 9 de maio de 2012
AMAR É:
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NET |
Amar é muito mais que querer a pessoa ao nosso lado, é muito mais que a
aprisionarmos em nossa alma e coração. Amar é deixar essa pessoa ser livre para
fazer o que quiser, e ser feliz. Amar é apenas saber que o outro está
feliz e com isso já nos sentirmos
felizes. É ouvir tua voz ao telefone e sentir o coração disparar, é
aguardar ansiosamente que o mesmo toque e que o meu coração se acalme ao
saber que não me esqueceu. Amar é deixarmos a pessoa que está ao nosso
lado livre para escolher seu caminho. E termos a consciência de que
ninguém nos pertence. E sabermos que se um dia deixarem de estar ao
nosso lado, é porque não eram capazes de nos fazer felizes. Amar é
respeitar e ser respeitado. É precisar e ser ajudado.
É ser
requisitado e poder dizer sim. É sabermos que ninguém nunca nos
pertenceu e jamais nos pertencerá. Pois as pessoas são como pássaros
soltos; livre para escolherem seu caminho e "se um dia retornarem ao
nosso encontro é porque nos farão felizes".
(A.D.)
segunda-feira, 7 de maio de 2012
ADEUS...
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DA NET: |
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de Andrade, in “Poesia e Prosa”
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de Andrade, in “Poesia e Prosa”
domingo, 6 de maio de 2012
sábado, 5 de maio de 2012
O AMOR...
Não pode Amor por mais que as falas mude
exprimir quanto pesa ou quanto mede.
Se acaso a comoção falar concede
é tão mesquinho o tom que o desilude.
Busca no rosto a cor que mais o ajude,
magoado parecer aos olhos pede,
pois quando a fala a tudo o mais excede
não pode ser Amor com tal virtude.
Também eu das palavras me arreceio,
também sofro do mal sem saber onde
busque a expressão maior do meu anseio.
E acaso perde, o Amor que a fala esconde,
em verdade, em beleza, em doce enleio?
Olha bem os meus olhos, e responde.
António Gedeão, in “Poesias Completas”
sexta-feira, 4 de maio de 2012
UM POEMA!
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Imagem da Net |
amo-te em azul. beijei-te em azul claro
quando claro eram os lábios.
um azul forte correu nos meus ombros
quando os teus ombros foram mais fortes que os meus.
quando claro eram os lábios.
um azul forte correu nos meus ombros
quando os teus ombros foram mais fortes que os meus.
quando o meu corpo começou a entardecer.
em azuis quase verdes desmaiei os meus olhos
quando os teus me devolveram um azul quase cinza.
é azul o meu desespero
é de azul o meu desencanto
azul frio azul mordente. azul acutilante
e o medo que escorre na minha garganta
é mais azul que o azul metalizado do diamante
são azuis os teus dentes
tão azuis e tão brilhantes que deixam
na minha pele marcas de serpente.
marcas para sempre.
Isabel Mendes Ferreira
quinta-feira, 3 de maio de 2012
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